segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O padre que canta

O povo se aglomerava,
No fundo usavam binóculos.
Nas cadeiras os mais velhos e deficientes.

A música domina o ambiente,
Todos cantam, todos dançam.
AAAAmmmeeeemmmm.

É o padre cantor que entra,
A vibração é total.
Viva o padre João Roce, eles gritam.

Todo mundo! Ele grita ao microfone,
Seus braços balançam para lá e para cá.
A missa continua fervorosa e animada.

Ele captava vida e a transmitia,
Do jeito que ela vinha.
É o padre que canta.

Tempo



A criança e o velho caminhavam na areia.
Muito tempo se passou desde a primeira vez.
A água respingava nele, e gritava: Que frio…

Lembranças lhe passavam pela cabeça,
Desde a primeira vez.
Os camarões fritos, as cervejas.

Os shows de ano novo e festas de Iemanjá,
Toda a sua vida era passada na sua mente.
Seus falsos e verdadeiros amigos eram lembrados.

A maré começou a subir.
Era hora de voltar.
Vamos meu amigo, é hora de voltarmos.

O sol já se esconde. Prepara-se para descansar.
A água cobrindo a areia deixa-a repousar.
O velho trazendo a criança vão para casa jantar.

A briga dos relógios



Criaram o horário de verão.
Todos os relógios se adiantaram uma hora.
Exceto um, que continuava do mesmo jeito.

O relógio Mãe Natureza continuava seu ritmo,
Sem jamais errar, compassadamente.
Dia e noite, noite e dia.

Os outros relógios esbravejavam,
Mas não teve jeito.
A Mãe natureza continuava seu ritmo.

Os outros reclamavam, que sua hora nunca era a certa.
Queriam desbancar a Mãe Natureza e confundi-la.
Nada resolveu.

Finalmente chegou a entrada do novo milênio.
Os relógios adiantados olharam-se atônitos sem nada a fazer
A Mãe Natureza entrou passivamente no novo milênio.

A criança



Linda flor de jasmim,
Frágil jarra de porcelana,
Cheirosa como que.

Inocência que lhe dá força.
Pureza que conquista.
Agilidade para aprender.

Facilidade para cair e levantar.
Sílabas mal pronunciadas.
Carinhosa com você.

Sem medo vai a qualquer lugar.
Sobe e desce sem parar.
Canta e samba para alegrar.

Pula e brinca de maré.
Vai à festa serelepe.
E diz: “Pai faz outra poesia pra mim”

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